Significado

Antes de falar sobre o Tai Chi Chuan como arte marcial, precisamos entender o que significa o nome desta arte. Tai Chi [太极, tàijí] pode ser traduzido como “o mais alto grau”, “o supremo absoluto” enquanto Chuan [拳, quán] significa punho, ou seja, Tai Chi Chuan pode ser traduzido como Punho do Mais Alto Grau, ou Punho do Supremo Absoluto. Particularmente, preferimos traduzir simplesmente como “Arte Marcial do Tai Chi”, pois acreditamos que não se pode traduzir simplesmente a expressão Tai Chi e desprovê-la de seu contexto simbólico e filosófico. Segundo algumas interpretações da mitologia chinesa, a expressão Tai Chi se refere à origem de todas as coisas. Tai Chi é o nome do símbolo circular que muitos conhecem como Yin/Yang.

Na verdade Yin e Yang estão representados na imagem, simbolizando a dualidade presente em todas as coisas, mas o nome do símbolo é Tai Chi, pois ele representa a perfeita harmonia entre Yin e Yang, isto é, o mais alto grau ou o supremo absoluto, a harmonia perfeita. Estes são conceitos taoistas cujos primeiros registros aparecem no “I Ching” (Yi Jing 易经), o Livro das Mutações, texto clássico chinês que surgiu antes da dinastia Chou (Zhou) (1150 a.C.).

Principais Características do Estilo

O Tai Chi Chuan [太極拳, tàijíquán] é bastante conhecido como prática suave e eficiente para a melhoria da saúde, mas poucos sabem que o Tai Chi é também uma arte marcial completa, pois além do aspecto terapêutico desenvolve ainda técnicas de defesa pessoal.

Muitos mestres reconhecem o Tai Chi como poesia em movimento ou ainda meditação em movimento.Esta arte se baseia nos princípios taoístas de equilíbrio, trazendo sempre presentes conceitos como a dualidade Yin e Yang, os Cinco Elementos, o Ba Gua (Oito Trigramas), entre outros. Em nossa escola praticamos o estilo Chen tradicional, cujas principais características são: movimentos suaves e lentos alternados com rápidos golpes explosivos, além dos fundamentos de circularidade e espiralação (Chan Si Gong  缠丝功) dos movimentos e a prática de profundo relaxamento (Fang Song Gong 放松功). Isso significa que em nossa escola os praticantes aprendem uma arte marcial completa, que inclui defesa pessoal com socos, chutes, torções, chaves e quedas, e também desenvolvimento da energia interna, aumento da concentração e da capacidade de memorização, além da grande melhoria na saúde.

Estilos e Formas

A partir da Família Chen, o Tai Chi Chuan foi sendo passado de mestre para discípulo através de muitas gerações. Neste período, muitos discípulos tiveram suas próprias interpretações e contribuições particulares para a arte, modificando-a e muitas vezes criando suas próprias linhagens, muito diferentes das demais. Estas linhagens levam os nomes das famílias pelas quais ficaram reconhecidas. Hoje podemos dizer que os principais estilos/famílias são:

  • CHEN (陳氏), criado por Chen Wangting (1580–1660)
  • YANG (楊氏), criado por Yang Luchan (1799–1872)
  • WU (武氏), criado por Wu Yu-hsiang (1812–1880)
  • SUN (孫氏), criado por Sun Lutang (1861–1932)

A família Yang ainda teve uma segunda divisão, pois Yang Chenfu (1883-1936), neto de Yang Luchan, modificou sua versão e ampliou o foco no aspecto terapêutico, diferenciando-se da arte praticada por seu pai Yang Chien-hou e seu irmão Yang Shaohou. O estilo de Yang Chenfu ficou conhecido como Yang de Postura Larga.

Atualmente o Estilo Yang é o mais popular e mais praticado no mundo inteiro, especialmente a versão propagada por Yang Chenfu ou versões mais simplificadas, com finalidade puramente terapêutica.

Em nossa escola, praticamos como estilo principal o Chen tradicional, da linhagem do herdeiro da 12ª geração da família Chen, Mestre Chen Bing. As principais formas de mãos livres tradicionais ensinadas no estilo são:

  • Lao Jia Yi Lu (老架一路)
  • Lao Jia Er Lu (老架二路)
  • Xin Jia Yi Lu (新架一路)
  • Xin Jia Er Lu (新架二路)

Além dessas, também são praticadas técnicas de armas, como o sabre (dao 刀), a espada reta (jian 劍), a lança (qiang 槍), a alabarda (dadao 大刀), as armas duplas, e outras.

Também praticamos técnicas do estilo Yang, o qual chegou até nós através da linhagem do Grão-Mestre Chan Kowk Wai  (originalmente vindo de Yang Chien-hou, que ensinou para Lee Kim Lam – o famoso general espadachim, também conhecido como Li Jinglin – que por sua vez ensinou o mestre Ku Yu Cheong).

Como se pode perceber, o Tai Chi Chuan teve inúmeras ramificações ao longo dos anos, e continua se adaptando a cada geração. Alguns praticantes se preocupam com estas diferenças entre uma escola ou outra, gerando dúvidas e questionamentos simplistas sobre qual está mais correto ou qual é mais eficiente. Cada linhagem tem suas próprias características e peculiaridades, sendo que a maior riqueza do Tai Chi Chuan está justamente no desenvolvimento interno e individual de cada praticante, promovendo assim uma grande pluralidade de escolas, estilos e mestres, todos com seus méritos e espaços plenamente respeitados.

Origem Histórica

Assim como os demais estilos de Kung Fu, a origem histórica do Tai Chi Chuan como arte marcial é cercada de mitos e lendas, sendo difícil afirmar com precisão a verdade histórica. A lenda mais popular sobre a origem do Tai Chi Chuan atribui sua criação ao imortal taoísta Zhang San Feng, no século XII. Ele teria se isolado nas montanhas de Wudang, até que um dia teve sua meditação interrompida pelo grasnar de um pássaro. Era um grou que duelava com uma serpente. Observando o combate, Zhang San Feng percebeu que, enquanto a ave investia furiosamente contra o réptil, este, de forma ágil e flexível, escapava do ataque. Por fim, cansado das investidas fracassadas, o grou desistiu da luta e alçou voo. A força bruta havia sido controlada pela suavidade e flexibilidade.

Por outro lado, a versão mais fundamentada historicamente reconhece Chen Wangting como seu criador, há cerca de 400 anos.

General da Dinastia Ming, em 1644, Chen Wangting era legalista, e quando a dinastia caiu, ele voltou ao seu vilarejo natal. Afastado do meio militar, teve contato com práticas taoístas de meditação e circulação de energia. Unindo seus conhecimentos marciais a estas práticas, criou um sistema de treinamento que ensinou aos seus descendentes, que desde então preservam seus ensinamentos. Seu trabalho consolidou e sistematizou várias práticas comuns na China desde tempos ancestrais, entre eles os estilos marciais dos Generais Yu Dayou (1503-1579) e Qi Jiguang (1528-1588). Este último foi autor do “Jixiao Xinshu”, tratado com 32 técnicas ilustradas e a síntese de 16 estilos marciais do fim da dinastia Ming. Chen Wangting pertencia à 9ª geração da Família Chen no condado de Wen, província de Henan, e até hoje seu vilarejo natal, chamado Chenjiagou (陈家沟), é o destino de escolha para quem deseja aprender Tai Chi Chuan na China.

No entanto, apesar dos esforços da família Chen em preservar sua arte, o Tai Chi Chuan só veio a alcançar mais destaque no século XIX, quando Yang Lu Chan (1799-1872), da província de Hopei, mudou-se para Beijing e lá fundou uma escola para ensinar esta arte, depois de tê-la aprendido com a família Chen. Contratado pelo imperador em 1850 para ensinar Tai Chi Chuan aos membros da Corte e às diversas unidades de elite da Guarda Imperial Manchu na Cidade Proibida, Yang Lu Chan tornou-se um dos mais influentes professores dessa arte marcial, e foi o criador do Tai Chi Chuan estilo Yang.

Uma curiosidade interessante é que nenhum desses mestres usava o termo “Tai Chi Chuan”. A familia Chen apenas treinava a “arte marcial da família Chen” e o estilo de Yang Luchan era conhecido em Beijing como Punho de Algodão (綿拳, Mien Quan). Foi apenas no final do século XIX que alguns escolásticos perceberam e associaram conceitos taoístas a esta arte marcial e começaram a chamá-la como Tai Chi Chuan.

O papel do Tai Chi na sociedade atual

Independente de ser uma arte marcial, o Tai Chi Chuan adquiriu um prisma muito mais amplo na sociedade atual, ultrapassando os limites de qualquer outra arte de luta. De fato, há atualmente muito mais praticantes de Tai Chi Chuan interessados em outros aspectos – benefícios terapêuticos, prática espiritual, harmonização energética, etc. – do que em sua aplicação de combate.

Entendemos que isso não é problema, desde que os praticantes e professores sejam honestos com seus propósitos. Muitas outras artes e técnicas desenvolvidas para um determinado fim acabaram encontrando outro lugar na sociedade. Na história humana, muitas tecnologias criadas para a guerra foram posteriormente adaptadas ao uso cotidiano das pessoas. Assim, se o Tai Chi Chuan foi criado como arte de combate, isso não o impede de ser adaptado e praticado como uma arte desvinculada da luta, desde que isso fique claro para todos.

Para aqueles que desejam se aprofundar na arte do Tai Chi Chuan, no entanto, o ideal é procurar entender todas as inúmeras facetas desta arte. É fundamental perceber a aplicação marcial das técnicas, como também a circulação energética de acordo com a Medicina Tradicional Chinesa, os princípios taoístas imbuidos na arte, os aspectos meditativos da prática, entre tantos outros.

Fundamentos

A prática do Tai Chi Chuan em nossa escola envolve muitos fundamentos importantes, elementos imprescindíveis para o desenvolvimento mais profundo da arte. Abaixo estão relacionados apenas alguns dos pontos mais básicos que devem estar sempre presentes durante o treinamento dos praticantes:

Treinar lento, aplicar rápido

Durante o treinamento, quanto mais lentos forem os movimentos, maior será o grau de detalhamento que vamos desenvolver. Movimentos rápidos podem esconder as falhas (especialmente em praticantes iniciantes) e impedir que tomemos consciência de nosso corpo como um todo, desde seus menores detalhes até o funcionamento do sistema integrado que ele compõe. Há tantos elementos nos quais devemos nos concentrar que mesmo alunos avançados têm dificuldade de prestar atenção em tudo se estiverem executando os movimentos de forma muito rápida. Este é o principal motivo pelo qual o Tai Chi Chuan é praticado de forma lenta, pois sua característica de ser uma arte interna exige que o praticante direcione o olhar para dentro de si, com calma e atenção, para desenvolver suas habilidades e principalmente sua estrutura correta. Nossa forma longa (sequência de movimentos encadeados) do estilo Chen tradicional, por exemplo, pode levar cerca de uma hora para ser executada, dependendo de quão reduzida é a velocidade que o praticante consegue manter.

Yin e Yang em corrente contínua

A arte do Tai Chi Chuan leva esse nome justamente pela estreita relação com o conceito de fluxo harmônico entre Yin e Yang, representado pelo símbolo chamado Taichi. Há diversos aspectos de dualidade que devem fluir constantemente na execução do Tai Chi Chuan. Seguem alguns exemplos:

Cheio/vazio

As pernas e os braços seguem em movimentos contínuos alternando entre cheio (yin) e vazio (yang), ou ainda substancial e insubstancial. Dominar esse fluxo de cheio/vazio, especialmente nas transferências de peso e deslocamentos, é um dos primeiros requisitos de treino para conseguir obter o correto direcionamento da energia de um lado para o outro, ou de uma extremidade a outra do corpo. Da mesma forma, entender a relação de cheio/vazio no contato com o adversário permite que você ocupe os espaços que ele esvaziar, assim como também esvazie quando ele tentar lhe alcançar.

Contração/expansão

A circularidade dos movimentos no Tai Chi Chuan ocorre devido ao constante fluxo de contração (yin) e expansão (yang). Esse fluxo pode ser energético, onde a energia de todo o corpo se contrai em direção ao Dantian Inferior (principal centro de energia do corpo), e em seguida, é redirecionada a partir daquele ponto e se expande para as extremidades. No ápice da expansão tem início novamente o movimento de contração, direcionando a energia de volta ao Dantian. Este fluxo constante entre contrair e expandir também é a essência para a aplicação de defesa pessoal nesta arte. No momento em que o adversário se contrai é o momento ideal para que você se expanda, e quando for ele quem se expandir, então é o momento para você se recolher.

Inspiração/Expiração

O fluxo respiratório deve acompanhar os movimentos cíclicos do Tai Chi Chuan, alternando entre inspiração (yin) e expiração (yang), sempre profundas e prolongadas. Na Medicina Tradicional Chinesa, se diz que o Pulmão é o “mestre do Chi”, ou seja, é ele quem comanda o fluxo da energia interna no corpo. Assim, ao aliar o fluxo da respiração com os aspectos yin/yang dos movimentos, podemos direcionar a energia interna de forma harmônica, com a intenção desejada, potencializando cada golpe. Entender o momento yin e o momento yang dos movimentos nos permite aliar a respiração corretamente a estes movimentos, potencializando nossos resultados.

Energia e intenção em oposição à força física

A partir do treinamento da energia interna – Qi Gong – o praticante aprende a ampliar, concentrar e direcionar sua própria energia vital. Através da intenção verdadeira (Yi), alcançada pela concentração absoluta, o praticante usa sua mente para direcionar a energia e utilizá-la em vez da força física (Li). Isso só é possível através com completo relaxamento muscular, permitindo que a energia flua através dos músculos, sem interrupções geradas pela tensão.

Quando a mente e os músculos estão descansados, relaxados, eles permitem que a energia (Qi) assuma o papel principal de condutor e integrador, gerando a verdadeira harmonia entre corpo e mente. Para que isso aconteça, é importante preservar toda a musculatura, tendões e articulações sempre relaxados, especialmente pescoço, ombros, quadril e joelhos. Justamente por dar ênfase à energia no lugar da força bruta, o treinamento do Tai Chi Chuan inclui muito poucos exercícios de força externa ou puramente muscular, como exercícios localizados.

Alinhamento de Baihui e Huiyin

Durante todos os movimentos do Tai Chi Chuan é imprescindível que se mantenha o alinhamento de dois pontos do corpo conhecidos pela Medicina Tradicional Chinesa como Baihui (“Cem Encontros”) e Huiyin (“Encontro do Yin”), pois através deste alinhamento promovemos também o fluxo da energia através dos três principais centros de energia do corpo (Dantian).

O ponto Baihui se encontra no topo da cabeça, quando alongamos a região cervical da coluna e posicionamos o olhar levemente para baixo. Já o ponto Huiyin se encontra na região do períneo, e para alinhá-lo corretamente precisamos encaixar suavemente o quadril para a frente, contraindo levemente os glúteos e eliminando ao máximo a curvatura da região lombar da coluna vertebral.

Deste modo, permitimos que o principal fluxo de energia do nosso corpo, composto pelos meridianos Du Mai e Ren Mai (“Vaso Governador” e “Vaso Concepção”, respectivamente) ocorra de forma harmônica, nutrindo os principais centros de energia do corpo e permitindo que essa energia chegue mais facilmente aos demais órgãos.

Expansão da consciência e do espírito

Os movimentos que podem ser observados representam a parte externa do treinamento do Tai Chi Chuan. No entanto, há um grande movimento que ocorre dentro do praticante e que é muito mais difícil de ser observado de fora. Trata-se do movimento da sua consciência e espiritualidade.

Shen [神, shén] é o termo utilizado para representar ao mesmo tempo a consciência e a alma pelos chineses. Na Medicina Tradicional Chinesa, se diz que o Shen mora no Xin (mente/coração) mas habita o sangue, ou seja, circula por todo o corpo através do sangue. Podemos interpretar isso entendendo que é através do fluxo sanguíneo que tomamos consciência do nosso corpo, mas que essa consciência reside na nossa mente e no nosso coração. Muitos mestres vêem o Tai Chi como meditação em movimento. Esta é uma forma de utilizar a mente e o coração para buscar a expansão do Shen, ou seja, da consciência e da alma. O caminho para essa expansão é buscar a quietude no movimento.

Respiração é a fonte da energia

A palavra Chi [气, qi] em chinês representa ao mesmo tempo o conceito de “ar” e o conceito de “energia”. Essa não é apenas uma questão etimológica, mas sim representa a importância que o ar que respiramos tem para a formação da nossa energia vital. A respiração é a coisa mais importante em nossas vidas, e muitas vezes uma das coisas a que damos menos atenção.

No Tai Chi Chuan é preciso estar sempre atento à respiração, tornando-a o mais profunda possível, prolongando seu ciclo de inspiração e expiração para que o ato de respirar entre em harmonia com o movimento, proporcionando a energia necessária para o corpo. Deve-se ainda priorizar a respiração abdominal, ou diafragmática. Isto é, deve-se respirar utilizando principalmente o diafragma para comandar o fluxo, preenchendo até a ponta mais inferior dos pulmões.

A respiração é fundamental também para o treinamento de Chi Kung, que sempre acompanha a prática de Tai Chi Chuan.

Principais Benefícios

Harmonia corpo, mente e espírito

Muitos mestres reconhecem o Tai Chi Chuan como meditação em movimento. Praticar Tai Chi com regularidade e dedicação promove a harmonia entre os três pilares que constituem o indivíduo: corpo, mente e espírito. Além de ser uma arte marcial completa, que contempla exercícios físicos e defesa pessoal, o Tai Chi Chuan desenvolve também os aspectos mental e espiritual, tanto através de práticas de meditação e respiração como por meio da execução dos movimentos do Tai Chi propriamente dito.

Cultivo da vitalidade, energia e disposição

O Tai Chi Chuan desenvolve a energia interna do praticante através de exercícios de Qi Gong (literalmente “cultivo da energia”), que combinam movimentos, mentalização e respiração. Com a prática, essa energia revitaliza o corpo e a mente, aumentando a disposição e a vitalidade para as tarefas do dia a dia. Esses benefícios se incorporam à vida do praticante, prolongando sua saúde e jovialidade.

Melhora do sistema respiratório, cardiovascular e digestivo

A prática do Tai Chi Chuan utiliza movimentos amplos, contínuos e sem impacto, promovendo e intensificando a circulação sanguínea sem sobrecarga do coração, beneficiando consideravelmente todo o sistema cardiovascular. O fluxo constante dos movimentos também deve ser acompanhado pela respiração em sincronia. Uma vez que os movimentos são executados lentamente, o ciclo de respirações também se expande, promovendo um processo respiratório mais profundo e ampliando a capacidade pulmonar do praticante. Segundo a Medicina Tradicional Chinesa, as principais causas de distúrbios digestivos são provenientes de desarmonias no fluxo de energia, causando rebelião do estômago ou incapacidade de atuar sobre os alimentos, por exemplo. Assim, o sistema digestivo também é beneficiado pela prática do Tai Chi, que harmoniza o fluxo da energia em nosso corpo.

Fortalecimento de músculos, ossos e tendões

O Tai Chi Chuan é uma arte marcial completa que fortalece músculos, ossos e tendões através de exercícios de isometria e movimentos de baixo impacto. As bases amplas e sequências de fluxo contínuo promovem alongamento, fortalecimento e lubrificação das articulações. Além do aspecto externo, o praticante direciona sua energia interna para o sistema tendino-muscular através de exercícios de Qi Gong, como por exemplo o Yì Jīn Jīng (易筋經, ou “transformação de músculos e tendões”).

Habilidade de defesa pessoal

Bastante conhecido como prática suave e eficiente para a melhoria da saúde, poucos sabem que o Tai Chi é também uma arte marcial completa. Além do aspecto terapêutico, desenvolve técnicas de defesa pessoal, como projeções, torções, socos e chutes, buscando utilizar a força do adversário contra ele mesmo através de movimentos contínuos e circulares. O Tuishou (“mãos que empurram” ou “empurrar as mãos”) é um dos exercícios mais comuns para colocar em prática os movimentos do Tai Chi.

Foco, atenção e concentração

As sequências de movimentos contínuos e ininterruptos do Tai Chi Chuan permitem que o praticante entre em estado meditativo, ampliando a consciência de si e do que está ao seu redor. O grau de complexidade dos movimentos exige atenção plena e simultânea em cada parte do corpo, mantendo ainda a concentração na ordem e na fluidez da rotina. Com isso, o praticante obtém maior domínio sobre sua própria mente e amplia o foco e a concentração nas atividades do dia a dia.

Disciplina e valores morais

A prática do Tai Chi Chuan em uma escola de linhagem tradicional desenvolve aspectos importantes de disciplina e conduta, pois recebe forte influência da filosofia chinesa, em especial do confucionismo. Valores morais fundamentais como humildade, respeito, honestidade e lealdade à família fazem parte do Wude (ética marcial) e devem ser praticados por todos na escola. Confira mais em www.wude.com.br

Alongamento e flexibilidade

Os movimentos amplos do Tai Chi Chuan são executados de forma lenta e contínua, com bases e posturas que se expandem gradualmente e alongam a musculatura do praticante, aumentando sua flexibilidade. São movimentos suaves, que não agridem músculos, tendões, ligamentos e articulações, mas sim promovem o desenvolvimento saudável e maior amplitude para os movimentos do dia a dia.

Coordenação motora

Cada movimento do Tai Chi Chuan envolve o corpo como um todo, exigindo a habilidade de coordenar simultaneamente pés, pernas, quadril, abdome, coluna, pescoço, braços e mãos. Cada parte age em sintonia com as demais, formando uma unidade. As sequências de movimentos são muitas vezes executadas em grupo, o que também aprimora a coordenação motora, uma vez que o praticante deve coordenar não apenas os diversos elementos do seu próprio corpo, mas também executá-los em harmonia com os demais.

Controle emocional e redução do stress

O stress e o descontrole emocional ocorrem em nossas vidas quando não conseguimos lidar de forma harmônica com os obstáculos que precisamos enfrentar, o que gera desgaste físico e emocional. Na prática do Tai Chi Chuan também enfrentamos obstáculos, pois ele nos coloca frente a frente com limitações e condições psicológicas que geram tensão. No entanto, em seguida ele nos leva a superar esses obstáculos de forma positiva e harmônica, utilizando o fluxo contínuo entre Yin e Yang ou a sequência natural dos Cinco Elementos, por exemplo. Deste modo, o Tai Chi Chuan amplia a consciência e nos conduz a uma percepção mais apurada de nós mesmos, nos apresentando um excelente caminho para superar os momentos críticos e reencontrar a harmonia e o bem estar.